quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

MENSAGEM DE ANO NOVO

PARA TODOS UM MUITO FELIZ 2010

Que todos sejamos abençoados
Que haja paz para todos
Que tudo seja perfeito
Que todos os eventos sejam auspiciosos
Que todos sejam felizes.
Que todos sejam saudáveis
Que todas as nossas iniciativas sejam boas e que ninguém sofra.

May good befall all
May there be peace for all
May there be perfection in everything
May all experience that which is auspicious
May all be happy.
May all be healthy
May we all experience what is good and let no one suffer
May good befell all
May there be peace for all
May there be perfection in everything
May all experience that which is auspicious
(Palavras do vídeo abaixo)

Happy New Year 2010

domingo, 27 de dezembro de 2009

ANITA

ANITA – EPISÓDIO XLI

(Ficção baseada em factos reais)

- Penso que os vossos segredinhos podem aguardar mais um pouco… O que não pode aguardar é o meu estômago vazio… Mãezinha, eu vim para cá ajudar-te a mudar de quarto, e ainda não comi nada. Importas-te que o Humberto me acompanhe ao bar para beber um café?

FIM DO EPISÓDIO XL

EPISÓDIO XLI

- Mas é claro que não me importo, filhinha. Só te peço que não mo roubes por muito tempo…Mas também não quero que apenas bebas um café. Vê se comes qualquer coisa, precisas alimentar-te.
- Quando deixarás de te preocupar comigo, e começas a pensar mais em ti?
- Parece-me que nunca, minha querida… Quando fores mãe entenderás.
- Já estava a tardar a piadinha do ser mãe, casar, tratar do marido…etc., etc., etc.… essas patacoadas todas que me andas sempre a impingir…Até já, Mãezinha.
E forçando um sorriso, Eduarda agarrou o braço de Humberto e arrastou-o para fora do quarto.
Longe da vista da Mãe abraçou-o,

deixando correr pelo rosto as lágrimas que estivera contendo enquanto mantinha aquela conversa, num tom aparentemente despreocupado, esforçando-se por esconder o seu tumulto interior.
Dirigiram-se ao bar, onde beberam apenas um café. Eduarda servira-se desse pretexto apenas para estar a sós com Humberto, pois queria perguntar-lhe pelo irmão, Tiago.

Humberto informou-a que abandonara o trabalho quase sem explicações. Apenas referira que precisava ausentar-se com a maior urgência, e não sabia quando regressaria. Mas lembrara-se de recomendar ao seu assistente que tentasse localizar Tiago, acrescentando que à hora do almoço lhe telefonaria, esperando que ele já tivesse conseguido o contacto do irmão.

- Ainda bem – respondeu Eduarda. Nem quero pensar que não o conseguíamos encontrar…
E um soluço morreu-lhe na garganta.
- Isso não vai acontecer, tem calma.
E se voltássemos para junto de tua Mãe?

De regresso ao quarto de Anita encontraram-na de olhos fechados, repousando. Mas logo que os pressentiu, abriu os olhos e dispôs-se a ouvir a conversa de Humberto.
Eduarda achou preferível retirar-se, deixando-os mais à vontade.
- Mãezinha, aproveito que estás acompanhada pelo Humberto, e vou passar no colégio, a avisar que estás doente.
- Mas, querida, talvez não fosse preciso estares com esse trabalho. Telefonaste para lá ontem, não foi? Devias antes aproveitar para descansar um pouco. Estás com um ar exausto…
O Humberto não sai daqui, que eu não deixo – acrescentou com um leve sorriso.
- Está bem, Mãezinha, farei o que sugeres.
Dando-lhe um beijo na testa, afastou-se, dizendo:
- E a menina faz favor de não se cansar, ouviu?
Volto mais tarde.

Anita, que, no fundo, receava não ter tempo para ouvir tudo, pois sentia a vida a querer abandoná-la, pediu a Humberto que começasse a falar, ao que ele respondeu:

- Então ouve:

- Quando eu era pequeno, recordo-me que havia muitas discussões entre o meu pai e a minha mãe. Todos os dias eles discutiam.
Os meus dois irmãos mais velhos estavam a estudar na Inglaterra, de modo que eu era o único filho que, naquela altura, vivia lá em casa. Por isso assustava-me sempre que os meus Pais discutiam.
À medida que fui crescendo comecei a aperceber-me de que o meu pai raramente jantava em casa.
Um dia em que estava no meu quarto e eles não sabiam, ouvi nitidamente a minha mãe dizer:

- Para ela não há falta de dinheiro. Só para o teu filho é que precisas economizar.
E a discussão continuou:
- Não me venhas com essa conversa de meu filho. Sabes melhor do que eu que ele não é meu filho.
- Deus é minha testemunha de que nunca te fui infiel. E se não fores castigado neste mundo, serás no outro. Tens muitos pecados a pagar. Não te chegava ter uma amante; ainda tens que renegar o teu próprio filho!
- Deixa-te de conversas! Ao menos ela não está constantemente a recriminar-me. E fica a saber, duma vez por todas, que, para esse bastardo não vais ver nem um tostão. Dar-lhe de comer já é demais!

Depois ouvi-o sair, batendo com a porta, e a minha mãe a desfazer-se em soluços.

FIM DO EPISÓDIO XLI

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

PRESENTES DE NATAL

Há dois ou três anos ( ou quatro? ), quando começavam a sentir-se mais vivos os sinais da crise que se avizinhava, e que nos tem acompanhado desde então – e sabe-se lá quanto tempo mais irá ser nossa fiel companheira! – encontrei, por alturas do Natal, uma senhora que conheço há algum tempo.
É uma pessoa que considero muito pelo exemplo de vida que tem dado, e é motivo para, pelo menos, meditarmos.
Viúva há anos, sem filhos, reformada de uma entidade bancária, vive da sua modesta reforma, sempre com um sorriso no rosto.
Habita uma casa pequena, sem luxos, mas que possui um quintal de razoáveis dimensões.
A necessidade que sente de ser útil e praticar o bem ajudando o próximo levou-a a arquitectar um plano que mantém até hoje.
É a dona Emília.

Como os poucos familiares conhecidos se encontram no estrangeiro, satisfaz essa necessidade auxiliando os que precisam, logo que disso tem conhecimento.
Para o efeito desloca-se a uma vila próxima à procura de crianças abandonadas. A sua atenção recai, essencialmente, sobre crianças de tenra idade, que encontra sozinhas, estendendo a mão à caridade pública, e lhes confessam dormir na rua por não terem casa nem família.
Traz consigo essas crianças, limpa-as, alimenta-as e cuida-as até à idade escolar.
Nessa altura encaminha-as para a Segurança Social, já que o ir para a escola acarreta despesas acrescidas a que ela não pode fazer face. Muitas dessas crianças, depois de encaminhadas, vêm visitá-la, o que lhe dá grande alegria.

Chega a ter ao seu cuidado cinco e seis crianças ao mesmo tempo.

Como a casa onde habita é pequena não pode albergar tantas crianças. Conseguiu que lhe oferecessem uma velha roulotte, que ela própria limpou, pintou, tornou habitável; aí acomoda, para dormir, as crianças de mais idade que não cabem dentro da casa.
Tem tido muitas ajudas; a sua magra reforma não chegaria para tanto.

Conheci-a num dia em que a vi passar com uns sacos de roupa que a minha filha tinha depositado, momentos antes, junto ao contentor do lixo. Eram roupas dos meus netos, que já não serviam por serem pequenas, mas ainda se encontravam em bom estado.
Na falta de haver a quem as dar, costumávamos colocá-las em sacos, encostados ao contentor do lixo, esperando que alguém pudesse aproveitá-las.
Reparando que a senhora transportava os ditos sacos dirigi-me a ela, especialmente porque o seu aspecto não era o de uma pessoa necessitada.
Apresentei-me como a pessoa que colocara os sacos da roupa junto ao contentor. Sem me deixar entrar em mais considerações, com um largo sorriso disse-me:
- Ai sim? Que bom! Há aqui roupas muito boas, que vão fazer muito felizes os meus meninos. E, se não se importar, vou pedir-lhe um favor.
Admiradíssima por ouvi-la falar em “meus meninos”, pois não tinha idade para ter filhos pequenos (as roupas que levava eram de crianças de dois anos) respondi-lhe que sim, podia pedir o que quisesse.
Foi então que ela contou, em largos traços, o fim a que se destinavam as roupas, pedindo-me que, de futuro, não as colocasse junto ao contentor do lixo, mas as guardasse, que ela passaria lá por casa a recolhê-las.
Foi o que passámos a fazer, tanto com as roupinhas como com brinquedos, aos quais juntamos, por vezes, uma ou outra guloseima e alguns alimentos.
De vez em quando vemo-la passar, para fazer as suas recolhas – felizmente há muita gente boa que lhe dá ajuda – e trocamos dois dedos de conversa.
Conhecemos, porque nos convidou para o fazer, a casa onde vive e o quintal que se transforma em paraíso para tantas crianças que por lá passam.
Não sei se por causa do muito amor que se respira naquele local o ar é perfumado, as flores que nascem aqui e ali no chão são frescas e brilhantes, as crianças que correm naquele espaço perfeitamente limpo têm um ar extremamente feliz. Ali sentimo-nos em paz.

Chegada a altura do Natal recebe imensos presentes para os “seus” meninos.
Como forma de retribuição costumava oferecer uma pequena lembrança a todas as pessoas que tão generosamente lhe enchiam a casa, quer para a ceia de Natal, quer para os “sapatinhos” na árvore.

Disse, no início, que a encontrei há dois ou três anos. Contra o costume apresentava um ar triste. Perguntei-lhe se havia algum problema. Respondeu-me:
- Sim, até certo ponto. Estamos no Natal e, ao contrário de todos os outros anos, não pude comprar lembrancinhas para as pessoas, tão bondosas, que me ajudam a criar os meus meninos.

E enquanto uma pequena lágrima assomava aos seus lindos olhos, acrescentou:
- Este ano vou apenas distribuir Amor, muito Amor e Carinho por todos.

Não resisti a dar-lhe um abraço. Também eu tinha uma lágrima entalada na garganta.

Mariazita – Dezembro 2009

PARA TODOS UM BOM NATAL

Sugestões de presentes para o Natal:
Para seu inimigo, perdão.
Para um oponente, tolerância.
Para um amigo, seu coração.
Para um cliente, serviço.
Para tudo, caridade.
Para toda criança, um exemplo bom.
Para você, respeito.
Oren Arnold

domingo, 20 de dezembro de 2009

ANITA

ANITA – EPISÓDIO XL

(Ficção baseada em factos reais)

Manteve-se ali um largo espaço de tempo, até que, finalmente, sentiu que poderia aparentar a calma necessária ao encontrar-se com Anita.
Esta já fora transferida para um quarto particular, onde Humberto a encontrou na companhia de Eduarda.

Entrando no quarto de Anita teve que sufocar um soluço.

FIM DO EPISÓDIO XXXIX

EPISÓDIO XL

Anita, a sua Anita, pálida, olhos semicerrados para evitar a luz do sol que jorrava pela janela, era apenas uma leve sombra da Anita que ele recordava de há dois anos atrás.


Depois de uma ligeira pausa para se recompor, Humberto abeirou-se da cama, pondo a mão suavemente sobre a mão que Anita tinha estendida ao longo do corpo.

Ao seu contacto, ela abriu os olhos, fitando-o com um meigo sorriso molhado de lágrimas.

- Humberto! – exclamou.

Ele notou como a sua voz, outrora firme e decidida, estava enfraquecida.
Esforçando-se por aparentar calma, Humberto sentou-se junto à cama.
- Não podes imaginar as saudades que eu tinha de ti, e como desejava ver-te. Adivinhaste o meu pensamento… - continuou Anita.
-Como sempre, querida mãezinha, como sempre. E já que entrei de férias há dois dias, foi só fazer as malas e vir – mentiu ele.
- Ah! então vais ficar algum tempo… que bom!
- Sim, apenas tenho que regressar dentro duns 25 dias. Vou passar esse tempo cá. Já deixei a mala em tua casa. A Eduarda preparou-me o quarto de hóspedes, e logo que voltes para casa organizamos uns passeios. Há muitas coisas que quero ver, e vocês vão comigo.
Anita pensou:
- Como isso seria bom! Mas eu sei que não vou voltar a casa. Nunca mais!
Tinha consciência de que o seu estado de saúde era muito grave, e que a sua vida estava por um fio. Mas limitou-se a fazer um gesto de aquiescência.
E, olhando-o atentamente, disse:
- Humberto, mas tu estás a ficar com cabelos brancos! E olha como te ficam bem! És daqueles homens que melhoram com a idade…

De facto, tinha alguns cabelos brancos a enfeitar-lhe as têmporas, o que não impedia que continuasse a ser um belo homem, talvez, até, com um encanto acrescido.
- É para que vejas que a juventude passa…Tu, que tinhas a mania de que estavas a ficar velha, olha para mim. Agora quem está velho sou eu.
- Queres tu dizer que estamos os dois velhinhos…
E, ao pronunciar esta frase, acudiu-lhe ao pensamento uma conversa que tivera com o enteado, há muitos anos atrás, em que ele lhe dissera que, quando fossem velhinhos, lhe contaria uns certos segredos.
- Assim sendo, parece-me que é altura de abrires o teu coração.
Lembras-te que uma vez me disseste que, quando fôssemos velhinhos, eu iria entender muitas coisas, porque tu me contarias os teus segredos? Pois então, chegou a hora…
Apanhado de surpresa, Humberto lembrou-se imediatamente, mas tentou esquivar-se:
- Quando é que eu disse tal coisa? Deves estar a fazer confusão! A tua cabecinha está mesmo a ficar velhota…Não achas que era melhor descansares um pouco?
- Tenho muito tempo para descansar, muito mais do que tu imaginas...
Aqui as noites são muito compridas – acrescentou rapidamente, esperando que ele não percebesse a intenção das suas palavras.
Humberto engoliu em seco. Ignorava que Anita tivesse o pressentimento do seu verdadeiro estado, já que nem os médicos nem a filha lho tinham dito.
E pensou: para quê guardar segredo, agora? Ela tem o direito de saber antes de partir para a grande viagem…

- Então está bem, vou contar-te um segredo, ou dois, que guardei todos estes anos. Mas peço que compreendas os motivos que me levaram a manter silêncio…
- Compreenderei tudo, tenho a certeza. Mas, por favor, conta-me. Agora estou a arder em curiosidade.
- Lembras-te que uma vez te disse que quando a minha mãe era viva, o meu pai já tinha outras mulheres?
- Sim, recordo-me muito bem.
…e que eu sabia de tudo, mas fingia que não, para não afligir a minha mãe…
- Sim, sim, lembro-me.
- Nessa altura menti-te, ou antes, alterei um pouco a verdade. Mas agora vou te relatar o que realmente aconteceu.
_ Podes contar, seja o que for…
Eduarda interrompeu:
- Penso que os vossos segredinhos podem aguardar mais um pouco… O que não pode aguardar é o meu estômago vazio… Mãezinha, eu vim para cá ajudar-te a mudar de quarto, e ainda não comi nada. Importas-te que o Humberto me acompanhe ao bar para beber um café?

FIM DO EPISÓDIO XL

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

NATAL DE QUEM?


NATAL DE QUEM?

João Coelho dos Santos

Mulheres atarefadas
Tratam do bacalhau,
Do peru, das rabanadas.

- Não esqueças o colorau,
O azeite e o bolo-rei!

- Está bem, eu sei!

- E as garrafas de vinho?

- Já vão a caminho!

- Oh mãe, estou pr'a ver
Que prendas vou ter.
Que prendas terei?

- Não sei, não sei...

Num qualquer lado,
Esquecido, abandonado,
O Deus-Menino
Murmura baixinho:

- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?

Senta-se a família
À volta da mesa.

Não há sinal da cruz,

Nem oração ou reza.

Tilintam copos e talheres.
Crianças, homens e mulheres
Em eufórico ambiente.
Lá fora tão frio,
Cá dentro tão quente!

Algures esquecido,
Ouve-se Jesus dorido:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?

Rasgam-se embrulhos,
Admiram-se as prendas,
Aumentam os barulhos
Com mais oferendas.
Amontoam-se sacos e papeis
Sem regras nem leis.
E Cristo Menino
A fazer beicinho:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?

O sono está a chegar.
Tantos restos por mesa e chão!
Cada um vai transportar
Bem-estar no coração.
A noite vai terminar
E o Menino, quase a chorar:
- Então e Eu,
Toda a gente Me esqueceu?
Foi a festa do Meu Natal
E, do princípio ao fim,
Quem se lembrou de Mim?
Não tive tecto nem afecto!

Em tudo, tudo, eu medito
E pergunto no fechar da luz:

- Foi este o Natal de Jesus?!!!

João Coelho dos Santos
(in Lágrima do Mar - 1996)
O meu mais belo poema de Natal


João Coelho dos Santos



João Coelho dos Santos
Poeta e historiador
Autor de, entre outros livros, “História e Poesia de Portugal”

domingo, 13 de dezembro de 2009

ANITA

ANITA – EPISÓDIO XXXIX

(Ficção baseada em factos reais)

- Como certamente sabes, o aneurisma é devido à dilatação de uma artéria, que forma uma espécie de bolha, em que as paredes ficam muito frágeis, e podem rebentar. Não há qualquer tratamento, a não ser a cirurgia, que consiste em fazer uma abertura no crânio e colocar grampos metálicos no aneurisma, para o bloquear.

FIM DO EPISÓDIO XXXVIII

EPISÓDIO XXXIX

Ao fazer-se a cirurgia corre-se o risco, muito elevado, de rebentar as paredes da artéria e o sangue espalhar-se pelo cérebro. E quando isso acontece… três coisas podem verificar-se:
- O doente não sobreviver à cirurgia; - O doente sobreviver, mas ficar como um vegetal; - E por último, mas infelizmente em casos raríssimos, o doente ficar bem, com todas as suas faculdades intactas.
Eduarda ouvia-o, aterrada. Conseguiu balbuciar:
- Não há mais nada que se possa fazer?
- Minha querida filha – respondeu o médico - infelizmente não, não há mais nada que possamos fazer. Está em estudo um novo método para tratamento do aneurisma, a que deram o nome de embolização ou tratamento endovascular, que dispensa a intervenção a nível do crânio. Infelizmente encontra-se em fase de estudo, e nem sequer foi experimentado em seres humanos.
- E porque é que o doutor diz que eu tenho que tomar uma decisão difícil? Que decisão é essa?
- A tua Mãe encontra-se meio anestesiada sob o efeito dos medicamentos para as dores, e, como tal, legalmente incapaz de poder tomar uma decisão tão grave. Como única parente viva, presente e de maior idade, terás que ser tu a decidir e autorizar a cirurgia. Sem isso não se poderá realizar.
- Mas não sou a única; há o meu irmão, o Tiago, que vive na Inglaterra e trabalha com o nosso irmão, filho apenas do meu Pai, o Humberto. Foi ao Norte, em serviço, e ainda não deu notícias, mas podemos tentar localizá-lo…
- Lamento muito, minha filha, mas não há tempo para isso. A optarmos pela cirurgia, tem que ser rapidamente. Agora vais para casa descansar e pensa bem no assunto. Amanhã já deveremos ter um quarto individual, para onde transferiremos a tua mãe. E depois já poderás fazer-lhe companhia de noite.

A primeira coisa que Eduarda fez ao chegar a casa foi dar largas ao seu desespero.

Quando ficou mais calma, telefonou ao “irmão”.
Humberto assustou-se ao ouvi-la àquela hora da noite, e mais ainda ao aperceber-se de que ela estava a chorar.
Sem entrar em demasiados pormenores Eduarda contou o que se passara desde o dia anterior, quando começara a dor de cabeça de Anita.
Humberto ouviu-a sem a interromper. No fim disse apenas:
- Amanhã vou para aí.
No dia seguinte apanhou o avião, e poucas horas depois da conversa com Eduarda, Humberto passou em casa dela, para deixar a maleta que trouxera; seguiu directamente para a clínica, para onde Eduarda se deslocara mal o sol despontou.
Ali chegado foi recebido pelo médico de Anita, que Eduarda já tinha posto de sobreaviso.
Humberto ouviu, da voz do médico, com todos os pormenores, o que Eduarda lhe havia descrito.
Sufocando um soluço na garganta, Humberto comentou:
- Então o estado de saúde de Anita é ainda mais grave do que Eduarda supõe…
- Sim, é mais grave. Não quis dizer à Eduarda, mas estou convencido que só um milagre a poderá salvar.
Humberto sentiu-se desfalecer. Fez um esforço sobre-humano para que o médico não percebesse até que ponto se sentia perturbado.
Acabou por sair do gabinete do médico como que atordoado, sem saber o que fazer nem para onde se dirigir.
Apenas uma pergunta o torturava: Porquê?
Num impulso dirigiu-se à capela, e em pensamento, invectivou Deus:
- Porquê? Porquê a Anita, Senhor? Não te parece que ela já teve a sua dose completa de sofrimento? Não te parece que ela merecia, finalmente, viver uns tempos feliz, descansada, sem preocupações?
Ou é a mim que queres castigar? Sempre amei esta mulher, em silêncio, sem jamais a levar a trair os seus princípios.
Mereço ser castigado por isso?
Onde está a tua tão apregoada justiça?
Como a capela se encontrava deserta, deixou de reprimir as lágrimas, chorando convulsivamente.
Manteve-se ali um largo espaço de tempo, até que, finalmente, sentiu que poderia aparentar a calma necessária ao encontrar-se com Anita.
Esta já fora transferida para um quarto particular, onde Humberto a encontrou na companhia de Eduarda.

Entrando no quarto de Anita teve que sufocar um soluço.

FIM DO EPISÓDIO XXXIX

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

PRÉMIOS - SELINHOS (ADENDA)

A Amiga Fernanda, do blog http://naquintadorau.blogspot.com

chamou-me a atenção para o facto de eu não ter publicado aqui dois selinhos que tão gentilmente me ofereceu.
Peço imensa desculpa, mas esqueci-me completamente que o selo dos BLOGUEIROS deveria ser reencaminhado. Por isso limitei-me a, carinhosamente, colocá-los junto a todos os outros que se encontram em A MINHA COLECÇÃO DE SELOS
Reparando a injustiça cometida sem querer , e com a certeza de que a Amiga Fernanda compreenderá, apresento os dois selinhos:

SELO BLOGUEIROS UNIDOS



SELO AMIZADE

Obrigada, Amiga Fernanda.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

PRÉMIOS - SELINHOS

Hoje vou publicar uns quantos selinhos que tive a honra de receber, e ficaram a aguardar oportunidade de publicação, a qual chegou hoje.

Quero agradecer, de coração, às Amigas Maria João e Ana Martins, e aos Amigos Daniel e António, estas provas de apreço e carinho.

Peço que me perdoem não dar seguimento aos selinhos oferecidos mas esse reencaminhamento implicava ter eu que nomear 47 blogs!!!
Não seria tarefa fácil até porque muitos dos blogs que eu poderia nomear já foram nomeados por quem mos ofereceu – somos uma grande família, todos primos (no mínimo…) uns dos outros. Por isso as repetições seriam inevitáveis.

Assim sendo vou apenas publicá-los, renovando o meu agradecimento.

Seguirei a ordem das datas em que os recebi.

No dia 07/11/09 recebi da Amiga Maria João, do Blog href="http://www.blogger.com/%20http://mimoseselos.blogspot.com/%20">PEQUENOS DETALHES o selinho

“VIP”
com a indicação de o repassar a 12 blogs.

No dia 14/11/09 recebi do Amigo Daniel, do blog DANIEL MILAGRE o selinho

"UM POUCO DE MIM"

com a indicação de o repassar a 5 Blogs.

No dia 24/11/09 recebi do Amigo António, do blog href="http://www.galobar2008.blogspot.com/%20">ANTÓNIO GALLOGAR , o mesmo selinho,

"UM POUCO DE MIM"

com a condição de completar cinco frases, e repassá-lo a 10 blogs.

No dia 25/11/09 recebi do Amigo Daniel, do blog AMIGOS SELINHOS , o selinho

“THE EARLY DAYS”


com a indicação de o repassar a 10 blogs.

No dia 03/12/09 recebi da Amiga Ana Martins, do blog AVE SEM ASAS , a

“DECLARAÇÃO DE AFECTO”

com a indicação de o repassar a 10 blogs amigos.

Se fizerem as contas :) verificarão que eu teria que reencaminhar para 47 blogs, a não ser que os repetisse, o que seria um pouco desagradável.
Por isso nomeio todos os meus visitantes para se servirem, à vontade.

domingo, 6 de dezembro de 2009

ANITA

ANITA – EPISÓDIO XXXVIII

(Ficção baseada em factos reais)

Começando a sentir-se desesperada, Anita pediu à filha que a levasse ao hospital, pois não conseguia aguentar mais uma dor tão forte, e não tinha forças para guiar o carro.
Eduarda prontamente a conduziu ao hospital mais próximo.

FIM DO EPISÓDIO XXXVII
EPISÓDIO XXXVIII

Quando, finalmente, foi atendida e observada, o médico declarou não lhe encontrar nada de anormal que justificasse tal dor. Foi-lhe injectado um forte analgésico, e, depois de prescrito o mesmo fármaco, em comprimidos, mandaram-na para casa.
A dor tinha cedido ao medicamento, e Anita conseguiu passar algumas horas descansada. Mas, ainda antes de se levantar, já a dor de cabeça estava novamente a manifestar-se.

Quando pôs os pés no chão teve uma forte tontura e uma dor tão violenta que a obrigou a gritar.

Eduarda acorreu, alvoroçada e assustada com o grito da mãe.
Encontrou-a sentada no chão, apertando fortemente a cabeça entre as mãos. Reagiu de imediato:
_ Vamos tratar de te vestir rapidamente, para eu te levar ao médico. Mas nem penses que te levo ao hospital. Vais direitinha para a clínica onde o paizinho se tratou, que tem excelentes médicos.
- Mas, minha filha, é uma clínica muito cara. Não podemos aguentar a despesa…
- Não é hora de pensar nessa coisas. Vamos, rápido.
E conduziu a mãe à clínica onde seu pai estivera internado e onde acabara por falecer, rodeado de todos os cuidados.

Logo à chegada Anita foi atendida.
Depois de lhe administrarem um analgésico por via endovenosa para aliviar a lancinante dor de cabeça, e observadas as últimas análises que ela havia feito, e a filha se lembrara de levar consigo, o médico ficou a saber que Anita sofria de colesterol em excesso e hiper-tensão, para o que estava devidamente medicada.

Enquanto decorria o exame preliminar, Anita começou a sentir vómitos e teve um ligeiro desmaio.
O médico prescreveu uma angiografia cerebral e uma TAC (tomografia axial computorizada) do encéfalo.

À medida que as horas iam passando, Anita começou a sentir que a dor de cabeça, que entretanto voltara a aparecer, se centrava na nuca, ao mesmo tempo que sentia também dor nas costas e nas pernas.
Perante estes sintomas o médico mandou fazer uma angiografia por ressonância magnética.
Depois de colhidos os resultados de todos os exames, o médico decidiu fazer uma punção lombar.
Ao ver o líquido avermelhado pelo sangue, não teve mais dúvidas: Anita tinha um aneurisma cerebral de proporções não muito pequenas.

Foi-lhe ministrado um forte sedativo. Encaminharam-na para um quarto de duas camas, que se encontrava já ocupado por outra senhora, e onde chegou meio adormecida.
Antes de ir para casa, visto que, nessa noite, não poderia ficar junto da mãe – não havia quartos individuais disponíveis - Eduarda foi chamada pelo médico, que a pôs a par da situação.

Eduarda apercebera-se que o estado de saúde da mãe era grave, mas não imaginava quanto.
A revelação de que Anita corria sério risco de vida, fez desmoronarem-se todas as forças que ao longo do dia conseguira reunir para não a abandonar um só momento.
Sacudida por soluços, deixou as lágrimas correrem livremente.

O médico levantou-se, pousou-lhe uma mão no ombro, e esperou, pacientemente, que ela se acalmasse. E só depois falou:
- Eduarda, minha filha, tu foste muito corajosa durante a doença do teu pai. Agora vais precisar de muito mais força interior, não só porque se trata da tua mãe, que tu adoras, mas também porque vais ter que tomar uma decisão muito difícil.
Eduarda levantou o rosto para o médico, com um ar surpreendido.
- Decisão? O que é que eu vou ter que decidir?
- Com certeza já te apercebeste – respondeu o médico – que a tua mãe se encontra num estado muito crítico. A única hipótese de ela se salvar é através de uma cirurgia que, - tenho que te dizer a verdade – é muito complicada, e comporta muitos riscos.
- Que tipo de riscos?
- Como certamente sabes, o aneurisma é originado pela dilatação de uma artéria, que forma uma espécie de bolha, em que as paredes ficam muito frágeis, e podem rebentar. Não há qualquer tratamento, a não ser a cirurgia, que consiste em fazer uma abertura no crânio e colocar grampos metálicos no aneurisma, para o bloquear.

FIM DO EPISÓDIO XXXVIII