Porque hoje é “DIA DA MÃE”
CARTA À MINHA MÃE
Porque hoje é “DIA DA MÃE”
CARTA À MINHA MÃE
16º. ANIVERSÁRIO
Como todos sabem a minha “dona”
tem estado bastante doente. Está prestes a fazer um ano – Abril de 2023 – que
começaram os seus problemas de saúde, que vieram a revelar-se bastante graves
e, por isso, de não muito fácil solução.
A parte física está quase a 100%;
a vertente neurológica está um pouco mais difícil de atingir o ponto de
equilíbrio, nomeadamente no que à inspiração diz respeito.
Resolvi, por esse motivo, não a
sobrecarregar com festas de Aniversário. E como já passaram muitos anos desde o
meu nascimento, e muitos de vós não me conheceis dessa altura… vou mostrar-vos
como nasci:
HOJE,
14 DE FEVEREIRO DE 2008
DIA
DE S. VALENTIM E DOS NAMORADOS
ABRE-SE
A PORTA DA CASA DA MARIQUINHAS
A
ORIGEM DO NOME “A CASA DA MARIQUINHAS”
A
escolha do nome para este meu/vosso sítio é uma forma de homenagem ao meu
filho.
“Mariquinhas”
é o “nickname” com que ele me “baptizou” e que usa, por brincadeira, em vez do
habitual “mãe”.
A
ele devo a maior parte dos poucos conhecimentos de informática que possuo.
A
ele devo a criação deste sítio. Sem ele, a realização deste sonho teria sido,
se não impossível, pelo menos bastante mais complicada.
A
ele dirijo o meu agradecimento.
Recebi
ofertas de ajuda de amiga(o)s. Para eles também o meu reconhecimento.
Permitam-me um agradecimento especial a Ana
Ao criar este espaço é nossa intenção proporcionar-vos agradáveis momentos de lazer.
Tentaremos
fazer-vos sorrir, meditar, reflectir…
Com
o vosso apoio e estímulo alcançaremos estes objectivos.
Um «Bem haja !» a todos.
Talvez a mais
rica, forte e profunda experiência da caminhada humana seja a de ter um filho.
Plena de
emoções, por vezes angustiante, ser pai ou mãe é provar os limites que
constituem o sal e o mel do ato de amar alguém.
Quando nascem,
os filhos comovem por sua fragilidade, seus imensos olhos, sua inocência e
graça.
Basta vê-los
para que o coração se alargue em riso e cor. Um sorriso é capaz de abrir as
portas de um paraíso.
Eles chegam à
nossa vida com promessas de amor incondicional. Dependem de nosso amor, dos
cuidados que temos. E retribuem com gestos que enternecem.
Excerto de – Os Pais envelhecem (a
publicar na íntegra, brevemente)
Desconheço autoria
E porque hoje é Dia dos Namorados,
veja uma das suas possíveis origens
DIA DE S. VALENTIM, DIA DOS
NAMORADOS
A igreja católica reconhece três
santos com o nome de Valentim.
Destes, o que se associa ao Dia dos
Namorados, é um mártir de Roma antiga, de nome Valentine, que viveu nos tempos
de Cláudio II.
Com o objectivo de criar um grande
e poderoso exército, e tendo dificuldade em reunir homens em número suficiente,
o imperador proibiu os casamentos, pois acreditava que os jovens sem família
mais facilmente se alistariam no exército.
Contrariando esta proibição, um
bispo romano, Valentine, continuou a celebrar casamentos secretamente.
Descoberto, foi preso e condenado à
morte. Durante o tempo que esteve preso os jovens atiravam-lhe flores e
bilhetes onde afirmavam a sua fé no amor.
Dentre eles encontrava-se a filha
do carcereiro, uma jovem cega, Asterius, que conseguiu autorização de seu pai
para visitar Valentine na sua cela. Acabaram por se apaixonar, e, como que
abençoando esse amor, aconteceu um milagre – Asterius recuperou a visão.
Valentine acabou por ser decapitado
a 14 de Fevereiro do ano 270 d.C.
Na Roma antiga era festejado o
início da Primavera a 15 de Fevereiro. Para o festejar, na véspera desse dia
eram colocados, em recipientes próprios, papeis com os nomes das raparigas
solteiras. Cada rapaz tirava um papel, e a rapariga que lhe coubesse em sorte
seria sua namorada durante o festival, e, nalguns casos, durante o resto do
ano.
Com o decorrer dos tempos o dia de
S. Valentim, 14 de Fevereiro, começou a ser considerado Dia dos Namorados, que
é festejado com trocas de presentes e cartas de amor. No início do Sec. XIX já
eram comercializados cartões de S. Valentim.
Menos romântica do que esta
explicação é a que alguns defendem:
Na Idade Média celebrava-se no dia
14 de Fevereiro o início do acasalamento das aves. Nessa data os jovens
apaixonados trocavam entre si mensagens amorosas.
Seja qual for a verdadeira, eu
prefiro a do bispo Valentine.
Em Portugal, a devoção a S.
Valentim é bastante limitada. O costume de festejar o Dia dos Namorados é
relativamente recente. De qualquer modo, aja de acordo com a tradição: ofereça
um presente à pessoa que ama. Mesmo que já tenha 100 anos e viva com
ela/ele há mais de 80 !!!
Feliz Dia dos Namorados
E foi assim que eu nasci! 16 anos depois peço-vos
que ergam uma taça comigo, e digam:
PARABÉNS !!!
NOITE DE NATAL
Nesta santa
noite brilhante de Alegria!
No coração,
pleno de cor e Harmonia,
Oremos aos
céus pela Paz, com muito ardor.
Que haja magia
nesta noite de Natal.
E os corações
estejam plenos de esperança.
Que as almas
permaneçam em doce aliança.
E que o Amor
ilumine a todos, por igual.
FESTAS NATALÍCIAS MUITO FELIZES PARA TODOS!
Queridas amigas e queridos amigos.
Minhas queridas e meus queridos amigos
Continuo internada no hospital, onde dei entrada e fui operada pela primeira vez no dia 29.06. Não tenho ainda data prevista para alta, mas nessa altura darei noticias. Pelo telemóvel custa-me muito escrever.
Toda a minha gratidão, meu carinho e meu amor fraternal para todos que me dirigiram apoio.
Beijinhos
Lamento muito mas, durante algum
tempo, vou estar ausente deste espaço.
Encontro-me bastante doente, e os
próximos tempos vão ser passados entre consultas médicas e exames.
Mas… não desistam de mim, porque
EU VOU VOLTAR!
Tudo de bom para todos vós.
Abraço apertado e beijinhos.
PS – Peço desculpa a quem me visitou
e eu não agradeci, retribuindo a visita. Já há um certo tempo que não me tenho
sentido bem.
Hei-de visitar TODOS, assim espero.
REENCONTRO
De repente surgiu o desejo,
de te fazer um poema.
Dizer-te, por palavras,
Neste nosso reencontro,
O que um simples olhar
Não teria força para expressar.
Quisera, haver em mim, beleza
Para te dar.
Mas a imagem, pelo espelho reflectida,
Mostra que o tempo passou
E não parou.
E como passou!
Para este nosso reencontro
Insinuaste um sinal,
Temendo estragos que o tempo tenha feito.
“Talvez de flor ao peito”…
Gracejaste, recordando tempos idos,
em que fingíamos ser desconhecidos.
Havia ironia na tua voz,
Brincavas.
Ironia maior a do destino,
Que nas marcas deixadas pelo tempo,
Não guardou espaço para o esquecimento.
Mariazita
Para quem não sabe, CARRANCA (em Náutica) é a figura ornamental esculpida em madeira, geralmente representando formas femininas ou de animais, com que era decorada a proa dos navios, entre os séculos XVI e XIX.
A CARRANCA MISTERIOSA
(Conto fantástico)
Em pleno alto
mar, quando havia luar o chamamento era ainda mais forte, a ponto de se tornar
irresistível. Corria o ano de 1522.
Naquela noite a lua cintilava excepcionalmente, com uma luz clara
e brilhante.
Enrique caminhava cautelosamente, evitando fazer o mínimo ruído.
Dirigia-se para a proa da embarcação, onde se encontrava a figura da deusa,
senhora dos seus pensamentos.
Esculpida em madeira, integrada na proa da nau, a deusa rebrilhava
na escuridão.
Como acontecia todas as noites, ao sentir a aproximação do
marinheiro, ela voltou a cabeça, mantendo o corpo firmemente agarrado ao seu
suporte de madeira. Sorriu, com o seu ar luminoso.
Ele soergueu-se
o mais possível e depositou um beijo nos lábios entreabertos da sua amada.
Com as mãos presas ao poste que a sustinha, a deusa apenas podia
oferecer-lhe o rosto que ele, afagando meigamente, cobria de beijos.
Soprava uma leve brisa que fazia ondular docemente as águas do
mar, trazendo consigo um agradável cheiro a maresia.
As noites eram passadas num suave enlevo, entre carícias e juras
de amor. Só quando a aurora começava a surgir no horizonte é que ele, depois de
um prolongado beijo, se retirava tão silenciosamente como chegara. Não podia
atrair as atenções dos outros marinheiros e muito menos revelar o seu segredo
amoroso.
Esta paixão tinha surgido havia um mês, numa noite em que o marujo,
incomodado com o calor, deixara o beliche de madeira sem colchão em que tentava
adormecer e se dirigira para o convés, a fim de se refrescar com o ar nocturno
e a brisa marítima.
Caminhando ao longo do barco, avistou, à proa, uma sombra que
movia a cabeça na sua direcção.
Intrigado, dirigiu-se, cautelosamente, para o local. Foi quando
ouviu uma voz sussurrar meigamente o seu nome. Aproximando-se mais confiante,
constatou que a deusa esculpida na proa do barco estava movendo a cabeça e
olhando-o nos olhos, com um sorriso que lhe iluminava o rosto.
Inicialmente petrificado, como que deslizou para junto dela.
Estendeu a mão, tocando-lhe nos cabelos. Completamente subjugado pelo seu
encanto, apenas murmurava:
- Minha deusa!
Manteve-se ali a noite toda, embriagado de felicidade.
O dia seguinte foi interminável. Meio adormecido ia desempenhando
as suas funções que, por aquela altura, não eram muito trabalhosas. Ansiava
pela noite para poder confirmar se o que vivera na noite anterior não passara
de um sonho.
Quando anoiteceu e o barco caiu num silêncio profundo, Enrique,
com todo o cuidado, levantou-se e dirigiu-se, sem hesitar, à proa, onde a deusa
já o esperava.
Trinta noites se passaram sem que de tal se apercebesse.
Estavam os dois enamorados conversando mais uma vez quando começou
a levantar-se um vento manso, que em breve se tornou forte, passando a furioso.
Soprava de Barlavento com tal violência que a caravela rodopiava.
O balanço era assustador. O barco oscilava de bombordo para estibordo; as
ondas, altíssimas, varriam o convés. O comandante andava como louco, dum lado
para outro, vociferando ordens, sem saber bem o que fazer, já que a tempestade
o apanhara de surpresa.
A acostagem estava fora de questão. Encontravam-se em alto mar,
sem qualquer porto à vista. As anteparas
ameaçavam ruir de um momento para o outro.
Bastante contrariado o comandante viu-se obrigado a tomar uma
medida que se revelou não surtir qualquer efeito – alijar a carga. Nada se
mantinha no seu lugar, tudo se movia numa dança frenética, no meio do barulho
ensurdecedor da tempestade.
O timoneiro esforçava-se, em vão, por manter o leme firme. A bússola
girava em todos os sentidos, descontrolada, semelhando um catavento.
Um balanço mais forte fez o barco
inclinar-se todo para estibordo, ao mesmo tempo que ondas alterosas levantavam
os marinheiros ao ar, arremessando-os para o mar. No meio das águas fortemente
batidas pelo vento, na noite profundamente negra, os homens esbracejavam
tentando manter-se à tona de água.
Enrique, passado o atordoamento causado
pelo embate das ondas no seu corpo, tentou manter a calma no meio daquele
inferno. Cortando as ondas agitadas foi nadando devagar, lutando com todas as
forças, na direcção da proa. Uma onda fortíssima fez afundar a frente do barco
no preciso momento em que Enrique estava a chegar lá. Mergulhada na água, a
deusa, pela primeira vez, desprendeu os braços do poste em que se encontrava
presa, puxando para si o marinheiro, levando-o, suspenso no ar, quando a
embarcação voltou à posição normal.
Tão inesperadamente como surgira, o
vento acalmou, as ondas desapareceram, e o mar entrou em calmaria.
O marinheiro continuava preso à sua amada que, agora com os braços
soltos, o apertava carinhosamente contra o peito. Subitamente, um raio de luz
fortíssimo desceu do céu, incidindo sobre o corpo da deusa, desprendendo-a do
mastro que a aprisionava. Libertos e abraçados, ambos caminharam pela
embarcação deserta. Ele segurou firme o leme e o barco desapareceu na noite
rumando ao desconhecido.
Momentos depois
foram avistados por um barco que navegava em alto mar, cujos marinheiros
juraram ter visto, a sobrevoar o barco dos enamorados, um ser alado duma beleza resplandecente, brilhando mais que mil sóis, que
os guiava na noite escura.
Maria Caiano Azevedo
15º. ANIVERSÁRIO
Como o meu estado de saúde ainda
não é famoso, a disposição ressente-se, e a vontade de escrever assim como a
própria inspiração… desaparecem.
Mas como o calendário mostra que
hoje é o dia 14 de Fevereiro – para além do Dia dos Namorados é dia de
Aniversário desta minha/vossa CASA – e eu não preparei nada de especial para
esta data…com a vossa permissão vou repor aqui o texto de um dos muitos
Aniversários que já por cá passaram.
Obrigada pela vossa compreensão.
FESTEJAR OU NÃO
FESTEJAR O ANIVERSÁRIO
No meio de todo o stress do dia-a-dia nada
mais justo do que festejar o Aniversário não fazendo nada.
Isso foi o que REALMENTE pensei. Mas… como
conseguir isso?
Fácil – ir até à praia e aí esquecer tudo
e todos. Levar o computador – afinal o aniversariante, o blogue, está dentro
dele – estender a toalha na areia e deitar-me (com ele, computador, ao lado) e
simplesmente ignorar o mundo que nos rodeia…
Mas… nesta altura do ano, no nosso
país, a praia é pouco convidativa.
Posta de parte a ideia da praia… que tal
ir conhecer uma maravilha da Natureza? As Cataratas do Iguaçu, por exemplo
(sempre foi o meu sonho).
Ná… é muito longe, e um dia só não chega
para ir e vir, quanto mais para conhecer.
Não fazer nada é tão difícil! Não me ocorre nada sobre
como não fazer nada… Ou antes, as ideias que me vêm à cabeça são
totalmente impraticáveis.
E, pensando bem, a verdade é que festejar Aniversário até é bom. É o
mesmo que celebrar a própria vida, além de contribuir para o nosso
equilíbrio emocional.
Isto não são palavras vãs. Quantas vezes,
ao longo destes onze anos, esta “CASA” me serviu de refúgio, ajudando a pôr em
segundo plano preocupações, arrelias, pequenas depressões, situações difíceis que me pareciam insuportáveis…enfim, aborrecimentos com que a vida se encarrega de
nos presentear de vez em quando?
Por falar em presentear… tenho que arranjar
alguma coisa para dar de presente aos convidados. Eu não vou convidar
ninguém, é claro, mas todos nós sabemos como é, aparecem mesmo
sem ser convidados! E depois, não ter nada para oferecer… é uma vergonha,
convenhamos.
Sabem que mais? Vou já para a cozinha,
para não ser apanhada desprevenida. Vejam o que vou preparar…
Aperitivos, salgadinhos, petit
fours, alguma fruta… que sabe sempre bem...
Uma fatia de bolo e… Tchim, tchim…
Escolham a língua em que mais gostarem de brindar e... brindem comigo!
Saúde! ; Salud! ; Santé! ; Cheers! ; Prost! ; Proost! ; Cin Cin! ; Za Zdorovye! ; Skål! ; Şerefe! ; Yamas! ; Na zdorowie! ; Kanpai!
(Portugal, Espanha, França, Estados Unidos /
Inglaterra, Alemanha, Holanda, Itália, Rússia, Dinamarca/ Noruega / Suíça,
Turquia, Grécia, Polónia, Japão)
E DEPOIS DO AMOR
Nos olhámos em silêncio
E sem palavras
Dissemos tudo
Dedos entrelaçados
Bocas unidas
Corpos frementes
Viajámos no espaço
À nossa volta
A quietude da noite
Repousamos agora
Lado a lado
Exaustos
Tranquilos
Ainda unidos.
Para sempre unidos.
Mariazita
Maria Caiano Azevedo
Eis que se aproximam, a passos
rápidos, as doze badaladas da meia-noite do dia 31 de Dezembro de 2022.
No ano que vai nascer unamos as
mãos e os corações para pedir, acima de tudo, PAZ. Os tempos que temos vivido
têm sido tão conturbados que nos levam a desejá-la mais do que tudo.
“Paz na Terra aos Homens de boa
vontade” – Vamos todos orar para que a “boa vontade” surja sem demora nos
homens que detêm o poder de modificar o mundo.
Feliz Ano Novo, Feliz
2023!
É NATAL
Os problemas particulares
relacionados com a minha mudança de casa estão, por agora, em “standby”,
devendo manter-se neste estado por mais uns 6 meses, mais ou menos.
E como “um mal nunca vem só” –
como diz o povo 😊
– adoeci ,há cerca de três semanas, com alguma gravidade – uma das minhas
crónicas infecções pulmonares que, de tão “brava” me levou a partir uma
costela, tal a intensidade e violência da tosse. Mas, enfim, o pior já passou,
e com mais alguns dias (ou semanas?) estarei completamente recuperada.
Apesar de tudo não poderia deixar
passar esta época natalícia sem vir dar-vos um abraço e desejar um santo e
muito feliz Natal. E, se não nos “virmos” antes, que o Ano Novo nos traga Paz,
acima de tudo e, se possível, alguma prosperidade.
Deixo-vos um conto que escrevi há
uns anos, esperando que vos agrade.
O
PINHEIRO
- Com tantos anos de vida ainda não consegui perceber porque me apelidaram de “manso”, Pinheiro Manso – murmurou o frondoso Pinheiro, voltando as verdes e finas agulhas na direcção de uma raquítica árvore que se encontrava a pequena distância.
- Ora, porquê! – respondeu a
enfezada. Já tivemos esta conversa tantas vezes! Está muito bom de ver.
Deram-te esse nome porque não tens a braveza dos teus primos, esses altivos pinheiros-bravos,
que não se dão com os baixotes, só querem viver nas alturas…
- Acho essa explicação demasiado
simplista…
- Sabes qual é o teu problema? – continuou
a enfezadita – é quereres sempre saber a razão de tudo. As coisas são porque
são, e pronto. Põe os olhos em mim: és capaz de me dizer porque é que eu sou
assim tão raquítica? Não és, pois não? Eu também não sei, e vê lá se me
preocupo…
- Xiu! – advertiu o Pinheiro.
Aproximam-se pessoas. A conversa tem de ficar para mais logo. Agora cala-te,
que eu faço o mesmo.
E ficaram em silêncio.
Um grupo de jovens caminhava
alegremente em direcção ao Pinheiro.
Um deles, o mais alto, loiro e de
olhos da cor do céu, aparentando ser o líder, abriu os braços ao alto e
exclamou:
- Eu não vos dizia? Este Pinheiro
não é um espectáculo?
- Sim – responderam em uníssono os
outros jovens. Tu és o maior!
- Claro que sou. Por isso sou o
chefe. E é como chefe que vos digo:
- Abram os braços, respirem fundo
este ar puro, aspirem este delicioso cheiro a pinheiro…
E falando assim ele próprio
executava os movimentos que convidava os companheiros a fazerem.
Por breves momentos só se ouvia o
seu respirar profundo. Mas logo de seguida recomeçou a algazarra, rindo e
falando muito alto, como se todos fossem surdos.
Um dos rapazes tinha levado um
“Tablet” e em breve o silêncio da mata se encheu com os sons, em tom altíssimo,
de uma canção em voga. A maior parte deles acompanhou a música em altos berros.
Até os insectos fugiam espavoridos.
Pouco depois o líder disse:
- E se tratássemos das
barriguinhas? a minha já está a roncar…
- Excelente ideia! – responderam em
coro.
E todos, rapazes e raparigas,
abriram as mochilas e retiraram de lá comida, copos de plástico, garrafas de
refrigerantes e até uma toalha de papel, que estenderam cuidadosamente no chão
e nela colocaram o lanche.
Sentaram-se todos em círculo debaixo
da copa densa, arredondada, em forma de guarda-sol, do Pinheiro, e iniciaram o
lanche alegremente.
Eram já cinco horas da tarde,
tinham feito uma grande caminhada para lá chegar, e o almoço há muito tempo
tinha sido digerido. Todos comeram com grande apetite.
Como estava muito calor e a sede
era bastante, rapidamente esvaziaram as garrafas dos refrigerantes.
Saciados o apetite e a sede,
colocaram junto ao tronco do Pinheiro as garrafas vazias, copos, guardanapos… e
até restos de sandes mordiscadas. Estenderam-se no chão, à sombra. Uns
conversando outros dormitando nem deram pelo tempo passar, de tal modo se
sentiam satisfeitos.
O sol começava a esconder-se quando
o líder exclamou:
- Ei, malta! Temos de nos pôr a
milhas! Não se esqueçam de que nos espera uma boa caminhada. Já vamos chegar a
casa de noite…
Puseram-se todos de pé e, sem mais demoras,
iniciaram a descida. Ninguém se lembrou de recolher o lixo que tinham colocado
junto ao Pinheiro.
Ouviu-se um profundo suspiro. O
Pinheiro murmurou, tristemente:
- Já viste, vizinha? Respiraram o
nosso ar puro, sorveram o nosso belo aroma, aproveitaram a minha sombra, nem
sequer respeitaram a paz e o silêncio de todos estes seres que aqui vivem e,
como agradecimento, foram-se todos embora deixando para trás o lixo que
trouxeram com eles…
- Já devias estar habituado,
Pinheiro. É sempre assim…
- Orvalho – dizia quem passava.
Não, não era orvalho, eram lágrimas
de tristeza.
Lágrimas, sim, que as árvores
também têm sentimentos.
Um grupo de crianças que passava
saltitando alegremente, parou de repente olhando atentamente para o Pinheiro.
- Olhem, olhem, o Pinheiro está a
chorar! Com certeza não vai receber prendas de Natal, e por isso está triste.
A mais velhinha teve uma ideia:
- Vamos levar-lhe estas bolinhas e
fitas. Talvez ele fique contente!
Correram para o Pinheiro e
enfeitaram-no com tudo o que levavam para as suas festas.
O tecido das fitas coloridas
absorveu a humidade das carumas e o pinheiro deixou de chorar.
E os olhos inocentes das crianças viram
o brilho de reconhecimento e gratidão nos olhos do Pinheiro.
Todas as crianças convidaram os
pais para irem ver o Pinheiro que, de tão feliz, irradiava uma luz especial que
iluminava a noite escura.
Os pais olhavam, encantados e ao
mesmo tempo surpresos por nunca terem notado a presença daquela magnífica
árvore.
O amor das crianças operara o
milagre.
E assim o Pinheiro triste transformou-se na Árvore de Natal da aldeia.
Maria Caiano Azevedo